domingo, 28 de outubro de 2012

Pescador

Setembro 2012, Vieira de Leiria


Gaivota, que enfrentas o mar
Procurando o teu sustento
Como o velho pescador
Que para ganhar a vida
Enfrenta a chuva e o vento
Destemido lança as suas redes
Em mar encrespado e revoltado
Desafiando a morte corajosamente
Com o corpo encharcado e frio
Só vê o mar, as redes e o pescado.
E tu gaivota, esperas o retorno
Em águas mais calmas tu pescas
O peixe que rodeia a traineira
Voltas para o alto do teu rochedo
Admiras o pescador sem medo
Que levantou as redes com canseira
E na areia da praia a esposa
Ajoelhada rezando, pedindo protecção
Para o seu homem corajoso e bondoso
Que lhes dá o pão ganho com a alma
Com a força dos braços e do coração.

Alberto da Fonseca

2 comentários:

  1. Como forma de apreciar os teus postes LINDOS!, deixo-te um outro pescador.
    Este é de um dos meus poetas favoritos.



    Pescador da barca bela,
    Onde vais pescar com ela,
    Que é tão bela,
    Ó pescador?

    Não vês que a última estrela
    No céu nublado se vela?
    Colhe a vela,
    Ó pescador!

    Deita o lanço com cautela,
    Que a sereia canta bela...
    Mas cautela,
    Ó pescador!

    Não se enrede a rede nela,
    Que perdido é remo e vela
    Só de vê-la,
    Ó pescador!

    Pescador da barca bela,
    Inda é tempo, foge dela,
    Foge dela,
    Ó pescador!


    Almeida Garrett, in Folhas caídas

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